Os desafios que as novas formas de mobilidade estão a colocar ao rent a car
Têndencias
Uma aplicação instalada no smartphone, um simples registo e um toque podem ser o suficiente para alugar e começar a conduzir um veículo que localizou perto de si. A solução é simples, prática e faz parte das novas formas de mobilidade nas grandes cidades, representando uma mudança no modelo de negócio de rent a car.
Deslocar-se a uma Rent a Car para alugar um veículo por ‘x’ dias e voltar ao mesmo local para o entregar deixou de ser a única realidade dos serviços de aluguer de carros, os quais passaram a adaptar a sua oferta a um novo perfil de utilizador - mais tecnológico, mobile e motivado pela experiência de utilização. Surgiu, assim, um novo modelo de negócio que “transformou o processo de alugar um carro numa realidade muito mais cómoda e imediata”, nota Duarte Guedes, CEO da Hertz Portugal.
A prestar serviços de rent a car há cerca de 100 anos, a Hertz Portugal é um dos exemplos de como o setor está a mudar. Desenvolveu o Hertz 24/7 City, um dos primeiros sistemas de carsharing a circular na cidade de Lisboa, com uma frota 100% elétrica e acesso a tecnologia desenvolvida por uma startup portuguesa.
Os novos modelos de negócios para o setor automóvel
A mudança de comportamento das novas gerações – que não fazem questão de serem proprietárias de um carro –, juntamente com a dificuldade em circular e estacionar nas grandes cidades, pressionou a mudança no segmento de rent a car e no mercado automóvel em geral. Nesta mudança, os dados foram peças fundamentais que, desde logo, permitiram recolher informações sobre a forma como as pessoas se movem nas cidades e identificar oportunidades de negócio.
Para dar resposta aos novos desafios, os fabricantes automóveis desenvolveram soluções de carsharing para as cidades. Exemplos claros são os projetos Emov do Grupo PSA e DriveNow da BMW.
No caso das empresas do ramo de rent a car, o conhecimento da nova realidade levou a novas formas de entregar o produto e a trabalhar com outros players para oferecer serviços à medida. “O cliente será um utilizador de diversas modalidades, fruto daquilo que lhe for mais conveniente em cada situação”, explica Duarte Guedes, isto num contexto em que o mundo está a transitar de uma economia de propriedade para uma economia de partilha.
Os novos desafios dos serviços de rent a car
Para que esta realidade do carsharing e de novos serviços de rent a car fosse possível, houve dois elementos fundamentais: a telemática e a digitalização dos negócios. E Duarte Guedes explica porquê: “Os negócios ditos digitais colocam uma pressão acrescida sobre a parte logística, e os dados [provenientes da telemática] são fundamentais para quem gere” esta componente.
Ao tratar-se de frotas automóveis, estão em causa modelos extremamente concorrenciais e, por isso, a otimização dos custos operacionais é também um fator-chave, diz o CEO da Hertz Portugal. Por exemplo, ter acesso aos dados auto, que permitem estimar os custos de manutenção e reparação da frota, passou a ser um elemento fundamental para as empresas de rent a car. Por outro lado, a telemetria permite fazer a monitorização da correta utilização do carro por parte do cliente, refletindo-se no custo final do serviço prestado.
As mudanças estão a acontecer, mas uma verdadeira revolução no negócio de rent a car, diz Duarte Guedes, só vai acontecer quando a condução autónoma estiver massificada. Até lá, garante, os postos fixos, como as lojas e centros de aluguer, continuam a permitir ganhos de escala e também outras oportunidades comerciais.